Um grupo de estudiosos da Universidade de Cambridge, na Inglaterra, realizou estudo sobre a rota da corrupção mundial entre empresas e funcionários públicos para descobrir o perfil das empresas que subornam e qual o valor pago por elas.
O estudo se debruçou sobre 166 casos de corrupção, envolvendo 107 empresas de capital aberto em 52 países, entre os anos de 1971 e 2007. Todos os casos chegaram ao conhecimento da sociedade através da mídia e os resultados alcançados pela equipe do professor Raghavendra Rau foram impressionantes.
De acordo com o levantamento, o que motiva esse tipo de comportamento pode ser respondido com a grande vantagem financeira obtida pelos corruptos. A cada US$ 1 gasto com suborno por uma empresa para conseguir um contrato de um órgão público, burlando um processo licitatório ou fechando um contrato irregular, a empresa recebe, em média, US$ 11 de volta, em forma de valorização na bolsa de valores ou investimento direto advindo da conquista do contrato.
A ocorrência de suborno foi maior por empresas de países desenvolvidos como BAE Systems do Reino Unido, Elf Aquitaine da França, Siemens da Alemanha, Alstom da França, Hyundai da Coréia do Sul e Kajima do Japão, que subornam funcionários tanto de mercados desenvolvidos quanto de países mais pobres como Nigéria, Filipinas e Indonésia.
O valor pago em propina muda conforme o cargo do “intermediário”, nos casos de funcionário de baixo escalão o valor foi de 1,2% do valor do contrato, ante 4,7% pagos para funcionários públicos em altos cargos.
Ainda segundo o estudo, as empresas dos setores da construção, equipamentos elétricos e eletrônicos (principalmente relacionados a defesa), aviões, petróleo e gás são as que mais aparecem nos casos analisados. A construção sozinha é responsável por 27,7% dos subornos.
Para que a situação comece a mudar, os autores do estudo defendem mudanças na legislação, principalmente em países desenvolvidos. Um dos problemas apontados é que as sedes das multinacionais estão majoritariamente nos mercados desenvolvidos, sem nenhum controle sobre a corrupção em seus escritórios secundários. Ainda segundo o estudo, existe uma cultura de tolerância na Europa em pagar subornos fora do país.