Desde que entrou em vigor em 2012, a Lei de Acesso a Informações Públicas é um dos instrumentos mais usados pelo repórter Léo Arcoverde para fazer reportagens, especialmente sobre serviços públicos. Decidido a deixar o jornalismo impresso e a investir em histórias baseadas em dados públicos sobre saúde, educação e mobilidade urbana, Arcoverde lançou esta semana o projeto Fiquem Sabendo, dedicado a produções jornalísticas independentes.
Para ele, a Lei de Acesso é fundamental para ajudar jornalistas a enxergar o contexto nas diversas áreas que cobrem. “Sem dados públicos, viramos presa fácil para autoridades ávidas em ver [somente] informações de seu interesse publicadas na imprensa”, afirma.
O objetivo é que o site traga todo dia uma estatística que ajuda a explicar o país. “Em um lugar que ostenta uma desigualdade social constrangedora, enxergo isso como a principal missão”, diz o jornalista.
A elaboração do projeto começou em novembro do ano passado, quando o repórter ainda trabalhava no jornal Agora São Paulo. Além da escolha das seções do site e do formato das reportagens, o processo incluiu verificar se era viável obter informações da administração pública diariamente.
O próprio Arcoverde fez a primeira injeção de recursos para colocar o Fiquem Sabendo no ar. A médio e longo prazo, ele espera que o site se sustente com financiamentos de organizações ou fundações, patrocínio de empresas, anúncios e doações. “Por ora, isso consiste em uma tentativa de construção de um modelo de negócio”, diz o jornalista, que se mostra empolgado com a empreitada: “só entrei nessa porque realmente acredito que há modelos de negócios a serem inventados para a viabilização do jornalismo independente”.
Como parte do projeto, Arcoverde também se coloca à disposição para dar mini-cursos gratuitos sobre o uso da Lei de Acesso para obter informações de interesse público, voltados a um público microrregional (bairros) e de baixa renda da capital paulista.
Fonte: Abraji